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22 de setembro de 2014

Do coração. III

Estava tudo bem. Ou não, na verdade estava tudo mal. Mas arranjava-se sempre maneira de disfarçar. E eu, modéstia à parte, sou boa a disfarçar. Ou dou a desculpa que a tese está a dar-me dores de cabeça, ou que dormi pouco, ou que não faço ideia do que vou fazer no futuro... A verdade é que arranjo sempre maneira de andar com um sorriso na cara, mesmo que ele não chegue aos olhos. E as pessoas vão acreditando. Ou fingem que acreditam, não sei. Mas a verdade é que a noite chega e traz com ela as memórias e as mágoas. As saudades de pessoas que ainda cá continuam mas já não pertencem à minha vida. As pessoas que estão na minha vida e que eu não quero que estejam. As pessoas que podiam estar na minha vida mas não fazem ideia do que eu penso sobre elas. E são estas as últimas que me partem o coração aos bocadinhos. Estilhaçam-o aos bocadinhos sempre que falo com elas. Não por mal, mas porque são elas mesmas. Nestes últimos quatro anos aprendi a dar valor às pessoas e raios!, se isso não foi a pior coisa que me aconteceu. Aprendi a apreciar a maneira como as pessoas olham pela janela quando estão a pensar. Ou a maneira como mexem as mãos quando falam de algo que lhes agrada realmente. Ou a forma como se riem de vontade e o som que emitem é profundo e dá alegria de ouvir. Ou como falam do seu passado e me dá vontade de saber mais e mais sobre a sua vida. E isto, meus amigos, isto é tramado. É tramado quando a situação já não é boa no que toca a amores e depois bang! A vida decide que preciso de algo mais para complicar a situação e aqui a minha pessoa que se desenrasque. Se lidar com uma pessoa que queremos ter e não podemos, como lidar com duas pessoas que não temos a certeza qual é que é "a" tal mas que são ambas improváveis de ter? Não estou a fazer sentido? É provável. É assim que a minha cabeça e hoje acabou de ficar pior. Porquê? Como?! Neste momento só me apetece deitar as mãos ao ar e perguntar "porque é que isto me está a acontecer???" de todas as maneiras possíveis que consigo. Não é normal. Eu queria fazer um texto bonito e que permitisse que as pessoas que o lessem se identificassem, mas acabei com um reflexo do que me vai no coração e na cabeça. Para esquecer isto, vou ali enterrar a minha cabeça na tese e esperar que o coração acalme (por hoje, pelo menos). Oh raios.

1 comentário:

Green disse...

É impossível não me identificar com o teu texto, até porque infelizmente andamos sempre em incerteza e sem saber muito bem o que queremos ou para onde vamos.